
Olá, meu nome é Ana, moro numa cidade bem pequena indústria de medicamentos. Minha história é um pouco atormentada devido a minha condição médica. Hoje tenho 27 anos e fui diagnosticada sendo portadora de Esquizofrenia aos 18 anos. Durante a minha infância costumava ser muito feliz, não apresentava nenhuma condição médica ou transtornos mentais. Sempre tive uma boa relação com amigos e familiares. Me diverti bastante durante a minha infância e adolescência. Nunca tive relacionamentos duradouros ou filhos. Me considerava uma mulher muito estudiosa e que não via problema em passar horas e horas estudando. A minha educação sempre foi regida, e tive apoio e combatia para sempre ser a melhor em tudo. Fiquei muito feliz quando completei meus 18 anos e passei numa Universidade pública queria estudar Medicina. Me dediquei os três anos de ensino básico, médio para poder passar na prova de admissão. Estudei igualmente uma louca e consegui na minha primeira tentativa. Comecei a cursar as aulas iniciais no primeiro período. Percebo que o Universo Público de Ensino Superior é bem desgastante e seletivo às vezes. Passava madrugadas para dar conta de tanta coisa, atividades, relatórios, viagens e dentre outras coisas. E tinha estudos de casos toda a semana e no final do período teríamos que apresentar nos estudos para todo o colegiado de medicina no auditório. Estava ansiosa para apresentar a todos e demonstrar o potencial que tinha para ser a melhor de todas. Durante a semana que antecedia a apresentação fiz coisas que pessoas da minha idade faz, ir à festa, comer, beber, prática sexuais com estranhos, sair com amigos, etc. Passava dias me divertindo, mas estudava manhã e tarde. Tenho aquela ideia de que trabalhe duro, mas se dê o luxo para lazer. Bom, amanhã será o dia da apresentação. Durante as horas que faltava estava preparando emocionalmente, nunca tive essa oportunidade em falar em público para muita gente. Queria saber o que eles pensavam de mim. Passou muitas horas, estou na sala de aula agora e daqui a pouco meus colegas iniciarão a apresentação. Sempre fui a última. Na minha vez, apresentei tudo que queria falar, e mostrar foi impecável na apresentação. E agora escutando a avaliação, elogiaram bastante, mas na minha vez fizeram uma ressalva. Senhoria Ana, gostei da sua apresentação, muito coerente, gráficos bem elaborados, mas alguns dados médicos estão incorretos, mas nada que possa diminuir a seu desempenho, parabéns. Depois que fui avaliada, questionei: como assim? Dados errados? Verifiquei muitas vezes na fonte. E estão lá… O avaliador disse, SIM, esses dados são do ano passado, se você for buscar em 2023 terá uma diferença pequena, mas para dados estatísticos significa bastante. Não se preocupe, são erros comuns de 1 período.
Estava paralisada com tudo até que fui à fonte citada e percebi um equívoco. Entrei em choque internamente, comecei a apresentar um estado emocional nunca sentido, me senti a necessidade de cobrar sempre, e sempre. Peguei minhas coisas e saí daquele lugar, nunca me senti assim., fui ao banheiro e comecei a gritar. Porque errei, não era para ser desse jeito, é chorava bastante… Até que alguns colegas me conduziram para casa. Duas semanas passaram e estava bem melhor. Vamos continuar as aulas. Ninguém mais lembrava desse vexame. A aula de anatomia iria ser no auditório, o terrível, estou muito bem, superar. A aula ocorria tranquilamente e meio distraída comecei a ficar mais estranha nas coisas, não queria que ocorresse novamente aquele erro. Na apresentação do professor apareceu uma mensagem do filósofo: “errar é humano” comecei a ficar aflita, espere: esse professor está querendo me dar uma indireta? Será que ele acha que não tenho capacidade? Comecei a olhar fixadamente para o professor, até que o Steve e um colega de sala perguntou: professor, caso o coração não regule o bombeamento de sangue, pode haver uma parada cardíaca? O sangue deve correr e se obstruir as artérias?
Quando ouvi o colega fazer a pergunta, senti muito pressionada, meu emocional foi às alturas e gritei: PARE COM ISSO. NÃO AGUENTO MAIS VOCÊS ME HUMILHANDO DESSE JEITO. Saí do auditório, parece que estavam ocorrendo mudanças ruins no meu corpo e cabeça. Todo mundo olhou assustado. Ana, está bem? O Steve disse: a pergunta não tinha a intenção de provocar você, errar é normal na Universidade e seu erro não diz nada, você é um modelo de estudante para a turma. Não dei ouvidos, e saí, até que desmaiei em seguida. Quando acordei estava numa cama de hospital, alguns familiares estavam à espera. Acordei um pouco atordoada. Olhei para o crachá do médico: psiquiatra? Como assim? Ele me questionou se estava bem, disse que sim. Questionei ao médico: por que psiquiatra?
O médico respondeu: parece que você teve um surto, mas vamos analisar tudo bem? Você irá para casa e descansará.
Cheguei em casa, dormi durante o dia. As semanas ficaram ruins, me sentia muito mal. Liguei a TV, e comecei a assistir. Gosto muito de comédia, me divirto às vezes. De repente o desenho que estava assistindo disse: Pasolini, você é fracassado, erra toda hora. Comecei a prestar atenção: “você saiu da pista, o carro quebrou”. Coloquei a mão na cabeça, pare, pare com isso. Desliguei a TV e os anjos de resina parecem que ganharam vida. “Estava vendo, é sua culpa, seu país pagou muito caro para você se tornar lixo”. Os outros quadros de pinturas estavam rindo, era todos contra mim, parece que estava num lugar que as pessoas me ridicularizam, riam. “Porque você não desiste” não tente mais. Parece que estava ouvindo os objetos de resina falando comigo. Quando tudo escureceu. E novamente acordo numa cama de hospital. As pessoas da família olham para mim sem acreditar no que tinha acontecido. O médico olhou para mim. Receitou alguns medicamentos. Como assim medicamentos de tarja preta? O que significa? O psiquiatra disse: tenho uma suspeita que você teve alguns surtos que se enquadram na categoria psicose, vamos fazer um acompanhamento. Você estava vendo alguém, os objetos estão falando com você ainda? Conforme os sintomas e relatos da sua família, penso que você está apresentando sintomas típicos da esquizofrenia.