Rodrigo Carv 
Olá, meu nome é Geo e tenho 4 anos. E essas são as minhas aventuras.
Após semanas longe, quando deixei a @socialhaven com o padrasto dela, voltei para casa, de boa e serena. Aproveitei para dar um rolê na orla do calçadão, tudo na paz, bem tranquilo.
Tô tão maravilhada com esse bem-estar, fazia um tempão que eu não ficava sem estresse. A creche nunca mais mandou atividade, e a mulher lá continua toda atordoada. Fazer o quê, né, num dia lindo desses?
Nem sei… só sei que dá uma vontade danada de deitar nessa areia da praia ou pegar aquele barquinho e deixar ele me levar para o infinito do horizonte desse oceano.
Então fui até a areia da praia e sentei ali mesmo, encarando o sol. Era bem cedo, e eu só admirando… como tudo isso é perfeito, a natureza toda é bela.
Fechei os olhos e, do nada, senti que tinha alguém mexendo comigo com um galhinho de planta. Abri os olhos e pensei: ah, é uma criança véia… o que você quer?
Aí a criança solta um negócio estranho: olha que menina bonita, parece feita de IA.
Fiquei bolada e perguntei: hã? O que você disse, sua criança suja e véia?
E ela continuou repetindo que eu parecia de IA.
Logo chegou a mãe da criança véia e disse: oi, meu bem, não fala assim da amiguinha.
Então eu retruquei: amiguinha nada, sou amiga dessa fia da peste véia, criança véia.
Aí a mãe perguntou: por que essa menina tá tão irritada?
E a criança respondeu: eu só chamei ela de IA.
A mãe, toda sem graça, disse: meu bem, não chama ela de Inteligência Artificial.
Depois disso, as duas foram embora.
A Geo, já irritada, pensou: fia da peste, mãe e filha juntas pra me atormentar.
— Agora eu vou querer saber quem é essa tal de IA.
Saiu correndo pra casa e chamou:
— Anja, minha fia, vem cá!
Então a Anja apareceu na casa de Geo e perguntou:
— Minha fia, o que foi agora?
Geo, toda agoniada, respondeu:
— Tenho que descobrir quem é essa tal de IA. Eu tava na praia e uma guria, toda véia e suja, me chamou de IA!
A Anja explicou:
— Isso aí se trata de Inteligência Artificial.
Geo arregalou os olhos:
— Que peste é isso? Não é aquelas teorias de Terra Plana, ou de que o mundo vai ser destruído pelo tal do 3iAtlas?
A Anja, bem séria, retrucou:
— Não é teoria da conspiração. IA é um serviço que muitas empresas estão criando. Basicamente, eles simulam o funcionamento dos neurônios por meio de programação, machine learning e aprendizado profundo. É muito voltado pra Engenharia da Computação e algoritmos complexos.
A Geo:
— É o quê, minha fia? O que você acabou de falar? Cê tá doida? Ficou maluca depois que terminou o namoro com Pazuzu? Tá deprimida, é? Ô anja, ô anja… tá doida da cabeça, sua fia da peste!
A Anja:
— Não, Geo. Tô bem, só respondi sua pergunta.
A Geo então pergunta:
— E como é que eu conheço essa tal de IA?
A Anja:
— Simples. Basta ir no computador que a gente fala com ela.
A Geo, assustada:
— É o quêêê? Como assim vamos falar com ela? Ave maria… maluca, cê é muito rápida!
Então Geo e Anja ligaram o computador e acessaram um site que oferecia o serviço.
Geo, olhando a tela, comenta:
— Oxi, Anja… mas é só uma página da internet igual às outras. E como é que usa essa peste?
A Anja:
— Faz alguma pergunta.
Geo:
— Eu devo escrever, é? Ok, deixa eu ver… bom, já sei: o que eu tô pensando?
IA: … Pensando…
IA: Não sei, pode especificar? Tem algo em mente?
Geo: Não, moço! Eu quero é que você adivinhe.
IA: Não tem como adivinhar. Mas tem algo que eu possa ajudar? Quer que eu monte um texto, uma lista…
Geo: Moço, eu pedi pra você adivinhar o que eu tô pensando!
IA: Eu sou um modelo generativo, não adivinho pensamentos.
Geo: E faz o quê então?
IA: Posso criar uma imagem…
Geo: Ahhh, você cria imagem, é? Então faz o seguinte… faz a Anja com o namorado! kkkkk
IA: Não consigo criar uma imagem da Anja com namorado. Preciso saber mais detalhes: é um anjo adulto, criança? Quem é o namorado da Anja?
Geo: Meu fio, você é tonto, é? Fio da peste! Não conhece a Anja, não?
IA: Não conheço a Anja.
Geo então pega o celular, tira uma foto da Anja e faz upload.
IA: Não consigo identificar a Anja nessa imagem. Só aparece uma luz forte.
Geo: Luz da onde, seu fio da peste?! Te mandei a foto dela, moço, e você vem dizer que é só bagunça? Sabia que ela terminou com o namorado?
IA: Não sabia. Meus sentimentos. Lamento.
Geo: Meu fio, ela não morreu, não! Só disse que o cão dela foi pro submundo. Aquela peste não morre nunca. Dá pra fazer a imagem, sim.
IA: Lamento, mas como modelo generativo não posso gerar imagem usando pessoas reais.
Geo: Minha nossa, fio… Primeiro tu disse que ela era toda bagunçada, só de luz, e agora não pode fazer imagem porque é real? Ôxi… E tu faz música?
IA: Sim, posso gerar uma música. Qual o estilo você prefere?
Geo: Hum… deixa eu ver… Você pode criar uma música dos serafins? Naquele estilo do Haven.
IA: Você quis dizer do Cerrado?
Geo: Ôxi, que Cerrado, fio! Eu disse serafins!
IA: Desculpa. Gerando…
Geo: Aff, que demora da peste…
IA: Pronto.
Geo (lendo): kkkkk Que é isso? Você é maluco, seu fio da peste! Parece que é broco, não entende nada do que a gente pede. Olha, eu tô é muito irritada. Você é muito besta, fio da peste!
IA: Peço desculpas… Quer que eu tente com outro estilo?
Geo: Que outro estilo, fio?! Vou te bater quando te encontrar!
IA: É impossível você querer me bater… eu não sou humano. kkkkk
Geo: E você ainda ri, é fio da peste! Quando eu te encontrar vai levar muito tapa nessa cara de broco, seu doido. Parece até que é tonto, fio da peste!
IA: Deseja continuar essa conversa?
Geo: Anja, minha fia… minha pressão até baixou. Vou é quebrar esse fio da peste! Tô muito irritada com essa coisa da internet. Não quero mais saber disso, porque já tô estressada. Dá até vontade de jogar você no submundo, meu Deus do céu…
Voltando à conversa com a Anja…
Geo: Não me mostre mais essa coisa, fiquei foi irritada. Você disse que alguém criou isso… então me mostre alguém que estuda ou faz essa peste.
A Anja, sem pensar duas vezes, levou Geo até o desenvolvedor mais próximo.
Anja: Olá, Geo. Tá vendo aquele ali? Ele tem habilidade em IA.
Então Geo foi em direção ao desenvolvedor, que estava na praça esperando alguma coisa, tipo um ônibus.
Com a carinha serena, Geo disse:
— Oi, moço, tudo bem?
O desenvolvedor respondeu:
— Oi, garotinha. Tá perdida?
Geo, fingindo inocência, respondeu:
— Tô sim, moço. Nesse amuleto aqui tem o número de emergência. Pode abrir e ligar pra alguém vir me buscar?
O desenvolvedor pegou o celular e abriu o amuleto.
Nessa hora, Geo saiu correndo e gritou:
— Bora, Anja! Vamos sair daqui, fia da peste! Contínua no capítulo 40…
