
Então, o que a gente pode fazer, hein, Anja?
Saímos tão de repente da casa da minha amiga que parece até que estamos fugindo.
E o pior de tudo é que deixamos a moça lá, perto daquele fio da peste!
Mulher, tô querendo voltar e dar uma surra naquele bicho feio!
Anja, minha fia, bora voltar pra casa dela, vamos bater nele!
Você me ajuda a ativar o poder do Batman? Kkkk
Aí a Anja guardiã respondeu:
— Não podemos voltar lá. Eu sei que ela é sua amiga, mas se a gente interfere no mundo dos humanos desse jeito, pode dar ruim, e pior do que a gente imagina.
Aí a Geo, já meio irritada, solta:
— EU quero ir lá, bater naquele nojento e mandar ele embora pro submundo de sujeira e fedor!
Vai, Anja, me leva, por favor, brotherzinha!
Você não é a Anja preferida da GEO, viu? Bora, coisinha fofa!
Mas a guardiã não muda de ideia e continua dizendo que vai ser trágico se a gente interferir nesse ato.
— Então, o que vamos fazer…?
Com firmeza, a guardiã responde:
— Vamos esperar.
A GEO, percebendo que não vai convencer a guardiã tão fácil, resolve aceitar — pelo menos por enquanto — a proposta dela.
Aí a GEO manda, toda serena:
— Eu vou pra cama dormir… vou beber uma água, porque tô sentindo que esse dia vai ser daqueles, viu?
— Então, ANJA, vou dormir, vá, minha fia, vai deitar também, que você tá toda molenga de cansada… ri
De fato, GEO foi pro quarto, deitou na cama e fingiu que tava dormindo.
Dez minutos depois, desceu da cama e percebeu que a Anja não tava de guarda.
Aí sussurrou baixinho:
— Opa… ela tá ocupada…
E resmungou:
— Não vou deixar aquele fio da peste fazer mal à moça.
Rapidamente…
Pulou a janela do quarto e saiu correndo.
A rua era bem larga, sem muito movimento, mas deu um jeito de chegar até um ponto de táxi.
Ao chegar, disse:
— Motorista, me leva pra casa da minha amiga! Quero ver ela!
O taxista, surpreso com aquela criança tão astuta, respondeu:
— Oi, mocinha… o que você disse? Quer ir ver uma amiga? Que bonitinha! Mas cadê seus pais? Tem algum adulto com você?
A GEO, firme, respondeu:
— Não tem ninguém adulto, não! Eu quero ir na casa da minha amiga!
O taxista retrucou:
— Não posso levar uma criança pra qualquer lugar sem um responsável. Isso é ilegal. Chama alguém que possa te acompanhar que eu levo, beleza?
Só que, quando o taxista piscou o olho, viu que a GEO já tava sentada no banco de trás, toda prontinha, com o cinto de segurança colocado e tudo.
O homem arregalou os olhos:
— Criança, como é que você entrou tão rápido no carro?! Você não pode viajar sozinha, desça já!
Nesse momento, a ANJA aparece ali no ponto, com aquele olhar de “te achei”.
Tira a GEO do carro e diz:
— Vamos, GEO, temos que ir.
Aí a GEO resmunga baixinho:
— Fio da peste…
Então ela desce do carro e vai embora com a ANJA.
Antes de sair, ainda fala:
— Anja, minha fia, eu tava errada… preciso pedir desculpa pro moço do táxi.
A ANJA responde:
— Que bom! Reconhecer o erro é algo muito louvável.
Aí a GEO diz:
— Anja, me espera que eu vou lá rapidinho. Daqui a pouco eu volto.
A ANJA então volta pra casa.
Enquanto isso, a GEO chega de novo perto do carro do taxista e diz:
— Moço, queria pedir desculpa. Eu fui desobediente…
O taxista responde:
— Tudo bem, mocinha. Não foi nada.
Então a GEO tira um amuleto do bolso, entrega ao taxista e fala:
— Toma, moço. É seu.
O taxista pega o amuleto de dentro da sacolinha de pano e comenta:
— Que amuleto bonito. Obrigado, criança.
A GEO sai do local pulando toda feliz e vai pra casa.
— Oi, ANJA, cheguei!
Depois de uns 30 minutos, algo estranho acontece…
O tempo dá uma pausa repentina.
Parece que rolou algo cósmico…
A GEO olha com desconfiança:
— Ops! Kkk…
A ANJA logo aparece e manda:
— O que você aprontou? Você entregou o amuleto pro taxista, não foi?
A GEO, meio sem graça, responde:
— Ah, ele é teimoso… não quis me levar pra casa de Reg…
A ANJA suspira e diz:
— Você não pode fazer isso com as outras pessoas, GEO…
E então… a ANJA desaparece rapidamente.
Cerca de 40 minutos depois, ela aparece.
A GEO pergunta:
— Já voltou? E agora, o que vamos fazer? Ah, sim… você tirou a alma do taxista do submundo, não foi?
A ANJA responde:
— Sim. Tive que adentrar no inferno e puxar uma alma que você mandou pra lá sem permissão. Não faz mais isso, GEO.
Enquanto isso, no passado de 1973, o demônio Pazuzu começa a ter mais aproximação com a REG.
Acontecimentos anormais começam a surgir, e mudam a dinâmica global.
Coisas que não deviam estar acontecendo, estão rolando.
Tem lugar onde os animais tão morrendo, regiões frias ficaram quentes do nada…
Algo cósmico, muito poderoso, tá interferindo por aí.
A REG começa a mostrar umas mudanças de comportamento, e quanto mais o bicho se aproxima da criança, mais coisa ruim vai surgindo.
A GEO, impaciente, resmunga:
— Minha fia, vamos passar um século aqui esperando!
Mas dessa vez, a ANJA nem responde.
Parece que tá concentrada em outra coisa.
— Aff… — reclama a GEO. — A Anja tá emburrada porque mandei o homem pro submundo. Mas não era definitivo, não! Era só pra ele conhecer o lugar, mulher! Se ele continuasse sendo ruim, aí sim!
E começa a chamar:
— Fala comigo, fofinha… fala comigo, fala comigo, fala comigo, fala comigo, fala comigo, fala comigo, fala comigo…
E nada da ANJA responder.
Enquanto o tempo passa, o demônio vai se aproximando cada vez mais da REG.
Dessa vez, algo estranho acontece…
Parece que alguém fez alguma coisa profana numa igreja da região.
E, antes disso, um homem conhecido na área sofreu um acidente: caiu da escada da casa da REG.
Muito esquisito isso.
De repente, o tempo congela, e a GEO entra num transe mental por alguns segundos.
Um brilho forte, tipo uma luz intensa, irradia dos olhos dela, dava até pra ver o clarão refletido no espelho.
Mas não durou muito… foi coisa de 5 segundos.
A ANJA, séria, diz:
— Finalmente aconteceu. GEO, precisamos pensar no que vamos fazer.
A GEO, meio atônita, responde:
— Ela falou comigo.
Enquanto as guardiãs conversam, lá na casa da REG, chega o mensageiro, amigo da família, pra avisar que alguém se acidentou no quarto da REG.
Logo depois do aviso, as meninas ouvem um sussurro demoníaco, pesado, que ecoa no planeta todo ao mesmo tempo.
A criança desce a escada… mas não era uma descida normal.
Ela parecia uma aranha, toda contorcida, cuspindo sangue.
Então, depois do sussurro, a ANJA fala:
— GEO, sua amiga foi totalmente possuída pelo demônio.
A GEO, assustada e triste, diz:
— Coitadinha da moça… tão fofinha… deixou aquele fio da peste tomar conta dela! Tá vendo, ANJA? Era isso que a gente tava tentando evitar!
— Você, Anja, é demônia, não é?
Você impediu que eu ajudasse ela!
Você agora é do outro time, é demônia mesmo!
Ficou com raiva porque eu entreguei o amuleto pro homi.
Agora vai me levar pro inferno e me tornar sua escrava, né? AFF!
A ANJA respondeu, com calma:
— Não é nada disso. Você tá errada.
Eu não me tornei demônio, GEO.
A gente não pode quebrar a regra de interferir na vida dos humanos, senão a gente acaba causando mais mal do que bem.
Olha isso aqui.
Então, a ANJA mostrou todos os 250 cenários possíveis que poderiam acontecer se elas interferissem diretamente na vida dos humanos.
Todos terminavam em tragédia ou destruição da humanidade.
Mas aí, a ANJA continua:
— Nesse caso, o demônio foi quem quebrou a regra primeiro. Ele se aproximou da criança REG. Agora sim, a gente pode interferir. Podemos ajudar sua amiga. Entendeu?
A GEO, animada:
— Isso aí! Bora bater naquele peste!
Vamos soltar o poder do Batman nele!
Bora lá bater nele, minha fia! Tu não gosta de briga, não é? Pois hoje vai ter!
Vamos cozinhar a pele dele… e se bobear, a gente ainda corta e alimenta os docinhos da rua com isso!
Vamo, ANJA!
A ANJA dá uma risadinha e diz:
— Sim, bora lá.
Então ela pega na mão da GEO.
E as duas se preparam pra ir.
Então a GEO sussurra:
— Anja… eu pensei que você tinha virado demônia… achei que ia me escravizar… ô susto da peste!
A ANJA ignora o comentário.
As duas voltam pro lugar onde a presença maligna tinha se manifestado.
Enquanto isso, REG passava por alguns procedimentos médicos, tipo exames… mas o comportamento dela só piorava.
Os últimos médicos que cuidaram dela até sugeriram que chamassem um padre.
Um padre de aparência jovem começou a frequentar a casa da REG.
Foi visto saindo de lá várias vezes, como se tivesse acompanhando o caso de perto.
Na manhã seguinte, os médicos apareceram correndo na casa da REG, a pedido da secretária.
Tentaram acalmar a criança e chegaram a aplicar uma injeção.
Depois de uns dias, um homem com uns 50 anos de idade apareceu de surpresa na casa da possuída.
Parecia que tava investigando algo.
Ficou lá por umas duas horas.
Quando finalmente saiu, a ANJA, que observava de longe, ficou horrorizada:
— Que blasfêmia…
A GEO, curiosa como sempre, já mandou:
— Que foi, minha fia? O que aconteceu? Me conta!
Mas a ANJA… ignora de novo.
— ANJA, me diz o que foi que aconteceu!
Você não fala nada, só me ignora… parece até que eu sou uma pirralha!
Você tá é sócia desse demônio aí!
Bem que eu disse… cê vai me levar pro submundo e me transformar em escrava!
Aí a ANJA responde:
— Não é isso…
Mas a GEO já tava dobrando a esquina da rua.
— GEO, volte! — grita a ANJA.
E a GEO, do outro lado, retruca:
— Não volto, não! Você virou sócia desse demônio aí! Vai me fazer de escrava… sabe de uma? Por que vocês dois não namoram logo? Anjo e demônio!
A ANJA, insistente:
— Geo, volte! Vamos entrar na casa. O padre jovem já voltou.
Enquanto o padre conversava com a REG possuída, as duas anjas já estavam dentro da casa dela.
Subiram a escada e ficaram atrás da porta do quarto.
A GEO, sussurrando:
— Anja, o povo não vai ver a gente aqui, não, né?
A ANJA responde:
— Os humanos não conseguem nos ver.
A GEO, animada:
— Ahhh… ativou o poder do Batman! Tá certo então… deixa eu ver a possuída.
Ela abriu a porta só um pouquinho e viu REG deitada.
Aí teve uma reação imediata:
— AFF, que bicho feio! Mulher, olha o rosto dela! Joga um pozinho aí pra disfarçar, misericórdia!
Gritando, desceu a escada correndo e foi pra sala.
Chegando lá, surpresa, encara a ANJA:
— Onde foi que você conseguiu isso? Quero dar um tiro nele!
A ANJA responde:
— Não pode fazer isso. Essas coisas não funcionam com entidade demoníaca.
— AFF… — resmunga a GEO. — Vamo voltar, vai…
O padre saiu da casa por volta das 3h da manhã.
Então a GEO sobe as escadas de novo e, com muita coragem, entra no quarto da REG.
Ela começa a perceber que REG tá ficando estranha mais uma vez.
Dessa vez, GEO entra sozinha e pede que a ANJA fique do lado de fora.
Fecha a porta e fica só ela e a REG ali dentro.
A GEO encara a possuída e diz, com firmeza:
— Seu demônio maldito… vou mandar você pro inferno!
E, de repente, asas gigantes surgem atrás da GEO…