Rodrigo Carv 
Poxa, ela era conhecida… e agora? O que faço? Ela não sabe que estou envolvido com atividades hackers. Na verdade, isso me pegou de surpresa. Eu não queria que ela descobrisse, pois posso ser pego novamente.
O que devo fazer? Contar a verdade ou manter segredo? Há inúmeras possibilidades… Se alguém descobrir, poderá usá-la para obter informações sobre mim. Minha prioridade é manter minha verdadeira identidade oculta, sem comprometer nada. Já foram muitas pessoas…
A amiga dela começou a falar:
— O que está fazendo aqui? Cadê a…
(Pensamento) O quê? Ela não sabe o que aconteceu? E agora? O que será?
A amiga dela disse que foi capturada e mantida como prisioneira por alguns anos. Eu não tenho contato com ninguém há muito tempo. Como eles estão?
(Pensamento) Então, ela também é vítima dessa organização? Isso está bem mais complicado… Vim parar aqui porque fui capturado, e agora essa surpresa? Preciso usar isso a meu favor.
— Olha, preciso que confie em mim…
(Pensamento) Não posso sair agora, mas tenho que tirá-la desta ilha…
Pedi que esperasse um pouco. Saí do quarto, tranquei a porta e levei a chave comigo. Resolvi dar uma volta pela ilha.
Fiz uma busca mais detalhada desta vez para analisar como poderia tirá-la daquele local. Depois de 30 minutos examinando todo o espaço, voltei para o quarto. Ao chegar, a mulher, amiga de Mila, começou a fazer muitas perguntas: o que eu estava fazendo ali, longe de casa, e onde estava o restante do pessoal? Até então, ela era considerada desaparecida.
A história dela não foi diferente das demais. Essa mulher conheceu um rapaz pela internet e passaram meses conversando. Eles até marcaram encontros, pois, coincidentemente, moravam em cidades próximas. Com o tempo, ele chegou a dormir algumas vezes na casa dela, e os dois começaram um tipo de relacionamento. Tudo isso durou um ano, até que, certo dia, o homem revelou sua verdadeira face. Ele a dopou, sequestrou e, desde então, ela nunca mais o viu. Quando acordou, já estava mantida como prisioneira.
Entendi toda a sua história e o que realmente aconteceu. Tudo isso ocorreu antes da morte de Mila. Ou seja, ela realmente ficou isolada durante todos esses anos e não sabia dos eventos que aconteceram desde então. Para convencê-la e manter minha identidade, tive que criar uma história parecida.
Disse a ela que a tiraria da ilha. Esperei todos se acalmarem e o silêncio sinistro da noite se estabelecer. Demorou até as 3h da manhã. Então, passei para ela um fone sem fio e comecei a dar algumas instruções:
— Você irá para a ala norte, passará por debaixo da passarela e seguirá em direção ao sudoeste. Depois, vire à esquerda e caminhe por quatro minutos em direção ao leste. Em seguida, encontre a barca de palha e passe por trás da escada que leva ao fundo do bar. Lá, haverá um barco que traz carregamentos para a cidade. Você entrará no barco cargueiro e ficará escondida até a chegada ao destino.
