
Logo depois que fui pego pelos guardas do planeta, eles me levaram para um lugar secreto. Parecia mais um laboratório daqueles que existiam na Terra, semelhante a um hospital, com algumas alas e longos corredores. Tive a impressão de que fui teletransportado para esse lugar misterioso instantaneamente, quase como se fosse um piscar de olhos. Sempre temi essa questão de teletransporte, pensando que poderia prejudicar as células e os tecidos do corpo humano. Percebi que as minhas interpretações tecnológicas estão muito aquém daquilo que presencio hoje. O bom da tecnologia é que ela surge rapidamente e evolui de forma impressionante. Mesmo assim, pensei que fosse prisioneiro deste planeta.
Estou percorrendo livremente pelos corredores. Vou buscar minha roupa cibernética e tentar entender o que é esse lugar. Não vejo “pessoas” aqui. Então comecei a sair daquele ambiente. Caminhei, entrei em salas, abri algumas portas, grades e até cercas eletromagnéticas que estavam presentes nesses cômodos. Será que isso não queima ou dá choque? Interessante, essas grades elétricas não reagem em contato com os humanos, mas tornam impossível o acesso ao local. Trata-se de áreas reservadas, como depósitos ou salas privativas, que são extremamente seguras. As fechaduras evoluíram bastante, e a segurança desses lugares é totalmente impenetrável.
De repente, alguém vem em minha direção. E agora, o que faço? Não tem como me esconder… Então, o ser se aproxima e me faz uma pergunta:
— Olá, ser. Você não possui a fisionomia dos habitantes de Thelius. É um forasteiro, não é?
Rapidamente, o ser passou uma luz, como um tipo de scanner, por todo o meu corpo. Ele analisou e relatou que não detectou sentimentos ou pensamentos criminosos em mim. Em poucos segundos, fez uma busca completa no meu histórico — familiar, físico, bioquímico, fisiológico e anatômico. Depois disso, sugeriu algumas recomendações, mas não me repreendeu por não ter pensamentos negativos.
O patrulheiro perguntou:
— Você não é deste planeta, não é? Dá para perceber que nunca viu nossa tecnologia. Podemos dizer que ela ainda é precária e precisa de ajustes. Não fique tão admirado com algo tão simples de se fazer.
Ele respondeu diretamente que essas grades são redes que protegem lugares privados, exatamente como eu havia pensado: como uma porta trancada por uma fechadura eletromagnética.
— E como funcionam? — perguntei.
O patrulheiro explicou:
— São grades conectadas ao seu DNA. Isso mesmo. O seu sistema nervoso e o seu DNA são modificados para interagir com as tecnologias ambientais. Todos que modificaram o próprio DNA podem entrar livremente nesses espaços, interagir com objetos em outros lugares do planeta ou até mesmo em outras galáxias. Isso não é problema. Você carrega a chave de acesso diretamente no seu DNA, permitindo que passe livremente.
— Nossa, isso é surreal! — pensei.
“Então será impossível quebrar qualquer meio de segurança cibernética. E como farei para enviar uma mensagem ou objeto? Preciso de uma máquina?”
O patrulheiro, percebendo minha expressão, comentou:
— Você ainda tem um pensamento tecnológico arcaico. Máquinas? Mensagens? Essas coisas não existem há mais de 2.000 anos. Hoje em dia, só vemos isso no Túnel do Tempo.
(Ele se referia a uma espécie de museu.)
— Se quisermos nos comunicar com outras pessoas, basta imaginar e enviar diretamente do nosso pensamento. Podemos abrir uma conversa com várias pessoas ao mesmo tempo. Nossa capacidade de armazenar rostos, documentos ou qualquer outro objeto é ilimitada. Não precisamos mais de tecnologia arcaica, como máquinas, para realizar um trabalho tão simples.
Ele continuou:
— Como você deve ter percebido, estamos conversando sem abrir a boca. Isso ocorre porque estamos nos comunicando através do pensamento.
Indaguei:
— Você pode ler meus pensamentos? Não existe mais privacidade, nem mesmo quando estamos sozinhos?
O patrulheiro respondeu:
— Existe, sim, privacidade. Para nos comunicarmos através do pensamento, ambas as partes precisam aceitar um acordo de leitura mental prévio, que é feito automaticamente quando dois seres estão próximos.
— O seu corpo é muito arcaico e antigo, parece que pertence à primeira origem de seres que ainda morrem. Nós, seres de Theiun, já estamos muito além daquelas antigas leis naturais. Você é como um cidadão antigo. Não entenderá como os habitantes deste planeta vivem.
— Nossa, fiquei curioso para saber mais. Isso é uma espécie de imortalidade? Não precisamos mais nos preocupar com a morte?
O patrulheiro respondeu:
— É quase isso. Porém, alguns habitantes ainda podem morrer, mas isso é muito raro. Só acontece em casos de invasão por outros seres que superem nossa tecnologia.
Perguntei ao patrulheiro:
— Como posso adquirir essa tecnologia?
O patrulheiro disse:
— Me acompanhe, por gentileza.
Ele olhou para mim e, de repente, estávamos em outro lugar. O patrulheiro pediu que eu me deitasse em uma cômoda flutuante. Fiz o que ele pediu. A cômoda parecia ser uma espécie de compartimento, que se fechou e escureceu. Em seguida, um líquido foi derramado dentro do compartimento, e uma sensação de sonolência começou a tomar conta de mim… Então, adormeci.