Rodrigo Carv 
Recebi outra missão do homem misterioso: a mensagem traz algumas informações acerca de uma mulher de 25 anos sem crime aparente. As informações que obtivemos é que uma mulher solteira, trabalha numa loja de software e costuma usar redes sociais e gosta de viajar nacionalmente e internacional. Começamos a observar todos os movimentos a cerca de 3 semanas, estávamos vigiando em todos os lugares, temos fotos no shopping, praia, supermercado e dentre outros. Ela não desconfia haver um perseguidor em sua cola. A pessoa se passa por habitante da cidade. A estratégia que usamos foi usar pelo menos 05 pessoas para observá-la. Se persistirmos em apenas uma pessoa poderia chamar atenção e ela se precaver, os múltiplos rostos dificultariam. Um dos observadores faltou informações privilegiadas dessa mulher. Na qual conversava com uma atendente que trabalhava em pacotes de viagem.
Finaliza uma compra para uma cidade a 300 km desta. Preparei um computador portátil com alguns programas. Deduzi que ela precisaria de acesso à internet no aeroporto. A viagem estava marcada para às 10h da manhã, o observador chegou às 8h para preparar um cenário para ganhar o acesso a dados pessoais da vítima. Quando o observador chegou preparou um Hotspot, tipo acesso à rede wi-fi aberta, ou dia, qualquer pessoa poderia ter acesso?. Atualmente quem pensa duas vezes quando se trata de internet aberta. Está tudo preparado, o wi-fi aberto tem um código malicioso que infecta o seu aparelho e outros que tiver acesso. Pronto.
Ela acaba de chegar. Fez toda a burocracia que exigida no embarque e sentou se para descansar até chegar o horário. Depois de 10 minutos, levantou e dirigiu se a uma lanchonete, pediu um lanche e pagou com cartão, poxa!, lamentei, pensei que iria pagar por meio do celular. Foi esperta. Realizou calmamente a sua alimentação e quando chegou próximo ao embarque, fez uma foto para postar na rede social. E entrou no avião e embarcou. Nossa, ela não caiu na rede wi-fi aberta?
Depois de 12 horas, não tínhamos nenhum sinal da mulher. Porém, obtive uma surpresa, o código malicioso foi ativado? Como assim? O que teria ocorrido, não somente no celular, mas PC, e câmeras que ela usou para se comunicar. Tenho acesso à câmera dela. Pensei por uns 15 minutos e entendi o que aconteceu. Na hora que ela tirou a foto, o seu celular conectou automaticamente a rede wi-fi, e ao perceber baixou o código. Quando opta em buscar wi-fi ele se conecta automaticamente. Não precisa mais dos observadores, em qualquer lugar que ela estiver teremos acesso a sua câmera do smartphone ou nos lugares que ela acessar uma rede, uma vez infectado só depois que formatar o aparelho!
Ela fez muitas selfies, vídeos, postou muitas fotos. Parece que estava de férias, mas sempre acompanhada pelo observador. Foi numa festa conheceu um rapaz de idade próxima aos 45, ele convidou para tomar uma bebida, dormiu, e sempre com o seu celular, nunca deixe ligado é uma dica, pois é possível escutar áudio principalmente se tiver fazendo algo intimo como prática sexual. Ela repetiu o encontro pelo menos umas 15 vezes durante duas semanas com a mesma pessoa. Era possível ter vídeo em sua intimidade, no banho, na piscina, nos lugares que ela usava o celular. Não existia mais privacidade. Compra online usando o celular, pagava boletos com códigos falsos, não tinha muita atenção, em contas, etc. Passou um mês ela retornou para a cidade. E voltou ao trabalho, para ele foi uma viagem de férias normal que fazia todos os anos. Porém, sem se preocupar, pois sua vida era automatizada por aplicativos, etc.
Tudo pagava no débito. Sem se preocupar, mas não sabia que os códigos poderiam mudar dados de cartão, e boletos. Alguns dias apareceu alguns boletos de cobranças que a princípio não foram pagos. Ela não entendeu como assim, tenho todos os comprovantes salvos. Fez reclamação com as prestadoras de serviços e nada resolveu, até que uma atendente explicou. O código que você pagou não corresponde a da fatura, está errado, faça a comparação. Ela percebeu haver alteração de banco e CNPJ. Ela começou a ficar assustada, não sabia o que tinha acontecido. Havia muitas ligações. Ela sempre ouvia por médio de decide que aumentava o som. Quando nove uma ligação com o número privativo que dizia. Olá, como você está? Ela disse estou bem, nem imagina quem estava no telefone. Você costuma sair muito não, barba vídeo de intimidade?
Ela questionou. Como assim? Eu. Tenho muitos vídeos seu. Ela. Quem e você? Seu amiguinho. Ela. Não tenho amiguinho, vou te denunciar? Desligou e fez uma denúncia para a polícia ligando a crimes virtuais, mas não teve muito êxito. Depois de 05 dias, o amiguinho retornou. Eu soube que você prestou boletim de ocorrência, estou aqui senhorita, não funcionou. Abra uma pasta no seu e-mail. Haha! Te vejo na festa de rua hoje a noite. Ela ignorou o amiguinho e foi curtir a festa pública.
Se divertiu bastante, mas houve uma pequena interferência, sabe aquele tipo outdoor, espécie de painel online que exite propaganda, etc. Compartilhei todos os seus vídeos para que todos possam assistir. Lá estava todos sendo exibidos publicamente para quase 3000 pessoas. Ela ficou em choque e saiu rapidamente, passando mal, sendo levada para o hospital. Depois de algumas horas retornou para casa. Sem acreditar. Passaram 3 semanas e o abalo foi muito grande. A vizinhança começou a desconfiar que havia algo errado chamaram, eram uma mulher bem extrovertida, animava as pessoas, eram bem gentil e não tinha nenhum inimigo.
A polícia foi acionada e enviada para invadir o seu domicílio, por surpresa a mulher foi encontrada sem vida, segundo relatório da perícia criminalista. Não houve sinais de perfuração ou que tenha sido assassinada. O relatório da polícia concluiu que foi suicídio, devido ao abalo emocional que passou nos últimos semanas. Chegou um mensagem no chat do homem misterioso. Acabou a missão, até a próxima. Antes de encerrar, dessa vez questionei, o que essa mulher fez? Chat misterioso, ela não fez nada, só queria testar o código de invasão. Eu disse houve uma perda. Chat misterioso, lamento. E desligou.
